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Tucuruí, 08 de September de 2024
Sistema Floresta

Casa de Humanização será referência para processo de reinserção social de custodiados no Pará

Por Floresta News
Publicado em 03 de julho de 2024 às 07:18H

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Construída pelo Governo do Pará, a Casa de Humanização, Assistência e Proteção ao apenado vai garantir qualificação e emprego, por meio de parcerias com o AfroReggae e várias instituições

O Governo do Pará se prepara para iniciar uma etapa decisiva no processo de ressocialização de internos do sistema penal nas instalações da Casa de Humanização, Assistência e Proteção ao Apenado (Chapa), que está construindo em Belém. A Casa, vinculada à Secretaria de Estado de Administração Penitenciária (Seap), vai consolidar um conjunto de ações essenciais, iniciado com a retomada do controle das unidades prisionais paraenses pelo Estado, e estruturado com investimentos em equipamentos e nos servidores da área, ampliação de projetos de educação e qualificação profissional, sempre tendo como meta a reinserção dos custodiados.

A iniciativa atraiu a atenção do grupo cultural AfroReggae, sediado na cidade do Rio de Janeiro (RJ), que será parceiro da Seap. Para iniciar o alinhamento desse trabalho conjunto, diretores do AfroReggae chegaram à capital paraense nesta terça-feira (02), onde ficam até a próxima quinta-feira (04). Na programação, eles vão conhecer as obras de construção da Chapa, o trabalho realizado nas Usinas da Paz – outra política pública do Estado de amplo alcance social – e projetos realizados nas unidades da Seap, e ainda participar de reuniões para consolidação da parceria com o Governo do Pará.

Unidade-modelo – Localizada na Avenida Júlio Cesar, próximo ao Aeroporto Internacional de Belém, a Casa de Humanização, Assistência e Proteção ao Apenado, deve ser entregue em setembro próximo, com capacidade para abrigar 60 pessoas. Será uma unidade-modelo, que visa fechar o ciclo da reinserção, garantindo que o egresso retorne à sociedade qualificado profissionalmente e com emprego garantido, por meio de parcerias com empresas, instituições e entidades religiosas.

O titular da Seap, Marco Antonio Sirotheau Corrêa Rodrigues, conta que a reinserção é o melhor caminho para quem pretende mudar de vida. No Pará, afirma o secretário, a Seap oferece inúmeras oportunidades concretizar a pavimentação de um novo caminho.

“Com essa nova unidade, a Seap consolida a inovação de dar essa possibilidade do apenado ser reinserindo e já sair empregado do sistema prisional paraense. O Estado vai promover isso por meio de cursos de qualificação profissional, junto com os parceiros, com as igrejas, com empresários locais. A gente vai dar essa possibilidade para a pessoa já sair daqui com carteira assinada, com o emprego na mão. É um avanço muito grande”, ressalta Marco Antonio Sirotheau Corrêa Rodrigues.

A Chapa terá um modelo de gestão diferenciado das unidades prisionais tradicionais, ofertando cursos com ênfase no mercado de trabalho, incluindo Inglês e Espanhol. Os cursos previstos são: Assistente Administrativo, Informática Básica, Manutenção de Computadores, Eletricista Predial, Eletricista com Ênfase Residencial, Técnico em Limpeza e Manutenção de Ar-Condicionado, Cabeamento Estruturado, Programação Web Designer e Banho e Tosa.

Um dos destaques será o curso de Banho e Tosa em animais de estimação. O serviço será oferecido a tutores da própria comunidade do entorno, que não tenham condições financeiras para manter esses cuidados com os animais, principalmente moradores dos bairros de Val de Cans e Maracangalha. Um serviço que permitirá a aproximação dos custodiados com a sociedade.

Dia a dia: fé, trabalho e educação

A rotina dos internos na Casa também será diferenciada. Eles terão direito à visita semanal de familiares, a fim de fortalecer o elo com os parentes. Nos alojamentos, todos os dias, haverá tempo para atividades religiosas, educativas e laborais.

Foto: Alex Ribeiro / Ag. ParáO dia começará e terminará com uma atividade religiosa. Após o café da manhã, serão realizadas atividades educacionais ou de trabalho, com pausa para o almoço, que será feito em um espaço de convívio comum. O retorno às atividades será às 14h, mantidas até o horário do jantar. A última atividade religiosa será nos alojamentos. Alguns custodiados estão sendo preparados para atuar como monitores com os demais internos, pois terão uma liberdade maior de deslocamento na unidade.

Transformação – Emerson Dutra Moreira, 27 anos, será um dos internos monitores da Chapa. Caberá a ele, e aos demais 11 monitores, o acompanhamento e a orientação dos demais custodiados no dia a dia na unidade.

Ele, que almeja deixar a casa penal futuramente, avalia que será “um passo mais importante para voltar a realidade fora do presídio. “É muito importante e um grande benefício que eu não esperava, mas chegou até mim e estou disposto a abraçar com unhas e dentes essa oportunidade que o sistema está me dando, dentro do presídio, para ressocializar, comentou.

Foto: Alex Ribeiro / Ag. ParáEmerson é um dos muitos custodiados que viram nos projetos de ressocialização oferecidos pela Seap, tanto de educação quanto de trabalho, a oportunidade de recriar a própria história. “Vou dizer assim, sem muitas palavras, que eu entrei sem nenhuma profissão, e agora vou sair com uma profissão, e já me encaixando numa área de trabalho, principalmente para ter minha família de volta. Vai ser muito importante também para eu conseguir desenvolver a minha caminhada quando sair desse lugar”, conta o interno.

Parceria histórica – No processo de construção da metodologia a ser implantada na Chapa, a Seap buscou a parceria com o grupo cultural AfroReggae. Fundado em janeiro de 1993, o grupo se destaca por iniciativas inovadoras, baseadas como na arte e cultura como meios de transformação social, sempre com o objetivo de tirar pessoas da criminalidade.

Em 31 anos de existência, pela primeira vez o AfroReggae amplia suas atividades para outro Estado, escolhendo o Pará como local adequado para replicar o Projeto Empregabilidade, criado em 2008. A iniciativa já contou com parcerias de mais de 50 empresas. Em 2012, no processo de reestruturação, o nome do projeto foi mudado para Agência Segunda Chance, e já atendeu mais de 22 mil pessoas, das quais quase 4 mil conseguiram emprego.

Foto: Alex Ribeiro / Ag. ParáA “Segunda Chance” funciona como uma agência de emprego, iniciativa pioneira do AfroReggae que visa reintegrar egressos do sistema prisional ao mercado de trabalho, após um processo de ressocialização e transformação pessoal. O projeto oferece oportunidades de emprego para egressos, combatendo preconceitos e promovendo inclusão social.

As parcerias são fundamentais para o sucesso da Casa, reforça Valber Duarte. Além do AfroReggae, com a Agência Segunda Chance, empresas locais, a Universidade Federal do Pará (UFPA), o Sistema “S” (Senac, Senai, Senar, Sesc e Sebrae), Igrejas e outros institutos estarão integrados a dessa iniciativa. UFPA, Senac, Senai e Senar e as entidades religiosas serão responsáveis pela oferta de cursos profissionalizantes.

Texto: Márcio Souza

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