Por Floresta News
Publicado em 02 de julho de 2024 às 07:28H
Participantes da 1ª Reunião de Mulheres do P20 ressaltam que mulheres e meninas são as mais afetadas por eventos climáticos extremos, como secas e enchentes
As mulheres devem participar das decisões relativas ao enfrentamento das mudanças climáticas, já que são as mais afetadas pelos eventos climáticos extremos, como enchentes e secas. A defesa foi feita pelas participantes da primeira sessão de trabalho da 1ª Reunião de Mulheres Parlamentares do P20, o fórum do Legislativo do G20, que acontece em Maceió (AL).
O tema da sessão foi “Promovendo a justiça climática e o desenvolvimento sustentável para mulheres e meninas”.
Presidente da Comissão de Defesa dos Direitos da Mulher da Câmara, a deputada Ana Pimentel (PT-MG) disse que o atual projeto de desenvolvimento mundial se centra na austeridade e na exploração predatória do meio ambiente, produzindo adoecimento, empobrecimento, fome e mortes. Segundo ela, esses eventos, como secas e enchentes, não podem ser chamados de tragédias, já que não são acidentes, mas são frutos de escolhas humanas equivocadas e perversas.
“E, sim, as mulheres são as mais afetadas. De perdas econômicas à migração, aumento da violência, casamento infantil, evasão escolar, perda de renda: esses são alguns problemas sociais causados pela crise do clima e que impactam as mulheres de forma desproporcional. Em todo mundo, a perspectiva é de mais de 1,2 bilhão de desalojados até 2050, sendo que 80% deles serão mulheres”, afirmou.
De acordo com a deputada, em regiões atingidas pelos desastres, como secas extremas, as mulheres assumem, além do cuidado da casa e dos filhos, a busca por alimentos e por água. Para ela, no Brasil, por ideologia, alguns setores negam as evidências científicas das mudanças climáticas. Ela ressaltou ainda o papel do extrativismo predatório das terras e dos corpos para o quadro atual, fazendo com que as terras, os territórios e as mulheres vivam sob ameaça constante, com aumento da fome e da pobreza feminina no Brasil e no mundo.
“É necessário outro projeto”, salientou. Ela criticou a política de austeridade fiscal e a defesa do superávit fiscal acima da defesa da vida. E defendeu um orçamento que garanta políticas públicas universais e a prevenção das crises ambientais. Entre as soluções estudadas para a justiça climática, ela citou a taxação de grandes fortunas, que sirva para construir medidas de proteção ao meio ambiente e construção de projetos de desenvolvimento sustentável. “Hoje os 3% mais ricos controlam 13% da riqueza mundial e são os maiores responsáveis pelos desastres e crimes ambientais”, ressaltou.
Ana Pimentel destacou que, na Câmara dos Deputados, diversas propostas para a proteção do meio ambiente são de autoria de mulheres. “É fundamental que as mulheres sejam centralmente colocadas na decisão dessas políticas, porque quanto mais são incluídas, mais avançamos para a construção de um desenvolvimento sustentável e justo”, disse.
Itawi Albuquerque / Câmara dos Deputados
Ana Pimentel (E): a perspectiva é de que 80% das pessoas deslocadas por eventos climáticos sejam mulheres
Soluções globais
A senadora Leila Barros (PDT-DF), líder da bancada feminina no Senado, também chamou a atenção para os deslocamentos provocados por eventos climáticos, que superaram os provocados por guerras, repressão e violência em 2023. O Brasil figura entre os seis países com mais pessoas deslocadas por desastres naturais. Ela defendeu políticas integradas e sustentáveis, com abordagem global, para enfrentar a crise climática, devido à interdependência entre as nações e povos.
“Nós, mulheres, sabemos o peso que recai sobre as nossas costas quando se trata de cenário de dor, de morte e de perdas”, frisou. Conforme ela, a falta de políticas públicas recai desproporcionalmente sobre as mulheres, as maiores responsáveis pelos cuidados das famílias.
“Políticas de austeridade e a diminuição dos serviços públicos essenciais agravam a vulnerabilidade das mulheres, especialmente aquelas em contexto de sobrecarga social e de trabalho doméstico, como mães solo e mulheres negras e indígenas, enfrentam disparidades de renda, moradia e acesso a serviços básicos”, afirmou a senadora. Para ela, é preciso levar aos parlamentos essa visão de cuidado das pessoas e do planeta.
Itawi Albuquerque / Câmara dos Deputados
Leila Barros: falta de políticas públicas recai desproporcionalmente sobre as mulheres
Políticas de longo prazo
Representante da ONU Mulheres, Ana Claudia Jaquetto Pereira afirmou que é preciso focar, além das ações emergenciais, nas políticas de longo prazo para a preparação para os eventos climáticos extremos. Segundo ela, essas políticas devem levar em conta as desigualdades de gênero. Ela observou que as desigualdade também são organizadas a partir dos elementos da raça, etnia, geografia, capacidade e idade.
Fonte: Agência Câmara de Notícias
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