Por Floresta News
Publicado em 11 de setembro de 2024 às 08:32H
Dança vibrante segue conquistando públicos onde quer que o ritmo de origem afro-indígena se apresente dentro e fora do Pará
O reconhecimento do carimbó como patrimônio cultural do Pará completa 10 anos, mesclando comemorações, emoções e alegrias, em 11 de setembro. A celebração deste marco é um momento de grande orgulho para a comunidade fazedora de carimbó e para a população paraense, orgulhosa rica tradição cultural.
Após o reconhecimento, importantes ações foram implementadas para proteger e promover o ritmo genuinamente paraense. Em 2018, houve a criação do Comitê Gestor e o desenvolvimento do Plano de Salvaguarda, exemplos estruturais para as iniciativas de proteção da manifestação cultural. O plano, como ações no horizonte até 2029, foca em quatro áreas principais: produção cultural, mobilização social, gestão participativa e difusão, para o ritmo seguir como um patrimônio vivo e ativo.
‘Carimbó é expressão máxima da nossa identidade amazônica’, diz Célia Pinto, coordenadora da FCP.
No marco dos 10 anos do carimbó como patrimônio brasileiro, a coordenadora de linguagem corporal da Fundação Cultural do Pará, Célia Pinto, ressalta a importância desse reconhecimento e o compromisso contínuo da instituição com a preservação dessa expressão cultural.
“A Fundação se une a todos os carimbozeiros do Estado e a todos os órgãos que contribuem para o fortalecimento do carimbó. Desde o registro em 2014, temos trabalhado para garantir que o carimbó ocupe um espaço de honra em nossa agenda cultural, entendendo-o como a expressão máxima da nossa identidade amazônica. Estamos engajados em cumprir o plano de salvaguarda, que visa consolidar o carimbó como patrimônio do Brasil, e esperamos continuar somando esforços com entidades como o Iphan, a Fundação Secur e a Fundação Carlos Gomes para que essa manifestação continue nos representando e enriquecendo nossa cultura”, observa a coordenadora da Fundação Cultural do Pará. Célia Pinto.
Foto: DivulgaçãoPriscila Duque, carimbozeira da nova geração e líder do grupo Cobra Venenosa, sugere que o ritmo integre o currículo escolar. “Precisamos de iniciativas que integrem o carimbó nas escolas e na vida cotidiana das novas gerações”. Comemorar 10 anos de reconhecimento é uma oportunidade para refletir sobre o valor do carimbó e para avançar nas políticas públicas que garantam sua preservação e divulgação”, afirma ela.
Expansão do trabalho cultural
Mestre Thomaz Cruz, do grupo Os Africanos de Icoaraci, vê os últimos anos com uma mistura de otimismo e desafio: “o reconhecimento trouxe mais visibilidade e novas oportunidades, mas ainda enfrentamos desafios. Precisamos de mais apoio para sustentar e expandir nossos grupos e práticas, porque a preservação da cultura exige suporte contínuo”.
O mestre Thomaz não titubeia na defesa do ritmo vibrante: “nossa missão é manter o carimbó em movimento e assegurar que essa cultura permaneça viva e relevante”, afirmou ele.
Lucimar Rodrigues, filha do saudoso Mestre Verequete e membro do grupo O Uirapuru, também festeja a data e vive a expectativa de ainda maior visibilidade e força para os fazedores de carimbó. Ela acredita que o título ajudou a gerar novos projetos e a valorizar o carimbó, e diz que os grupos precisam de ações culturais permanentes, para manter viva a tradição. “A Fundação buscou reconhecer os grupos e a história do carimbó, e, precisamos de mais eventos e iniciativas por toda a cidade”.
“Para nós, que somos parte dessa cultura, o reconhecimento foi fundamental. Muitas coisas mudaram; conseguimos avançar em projetos, em redes de shows, e o carimbó ganhou uma visibilidade inédita. Hoje, o carimbó ecoa em todas as partes do Brasil, e isso representa uma valorização imensa para nossa arte”, explica Lucas Bragança, Mestre da Cultura Popular Tradicional e integrante do comitê gestor de salvaguarda do carimbó.
Mestra Nazaré do Ó, referência da cultura popular paraense e presidente da Galeria dos Mestres Imortais da IOV-Brasil – organização de artes populares -, acredita que, “o carimbó, que já era uma jóia da nossa cultura, se expandiu para além das fronteiras do Pará, conquistando espaços em todo o Brasil e até em festivais internacionais. Esse reconhecimento impulsionou uma valorização sem precedentes, permitindo que nosso ritmo e nossas tradições alcançassem novos horizontes”, enfatizou ela.
Com uma trajetória de mais de 40 anos à frente dos grupos Águia Negra e Vaiangá de Icoaraci, que recentemente levaram o carimbó para os palcos europeus, a mestra Nazaré observa a importância do fortalecimento do apoio federal e da promoção de intercâmbios culturais para a ampliação da presença do carimbó no cenário internacional.
“O carimbó está em constante evolução, e a Fundação Cultural do Pará precisa estar atenta a essas transformações, reforçando seu papel na difusão dessa manifestação cultural, que não só representa a essência da nossa identidade amazônica, mas também projeta a riqueza da cultura nortista para o mundo”, destaca a Mestra Nazaré.
(Agência Pará)
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