Por Floresta News
Publicado em 16 de março de 2025 às 18:37H
Especialistas da Rede Ebserh alertam sobre os impactos das mudanças climáticas na saúde e orientam medidas preventivas
Você já parou para refletir sobre como as mudanças do clima podem impactar sua saúde? O Dia Nacional de Conscientização sobre as Mudanças Climáticas, 16 de março, instituído pela Lei nº 12.533/2011 , é uma oportunidade para analisar essas alterações e pensar o que pode ser feito para enfrentá-las. Neste contexto, e em ano de Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas de 2025 no Brasil (Cop 30), a Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh), faz um alerta: as mudanças climáticas são um desafio para a saúde pública.
Nesta primeira reportagem da série especial “Clima e Saúde”, especialistas de hospitais universitários federais gerenciados pela Ebserh explicam como as mudanças climáticas, que geram aumento de doenças respiratórias e infecciosas, por exemplo, exigem atenção e ação imediatas.
Segundo Moara Santa Bárbara, infectologista do Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Goiás (HC-UFG), os eventos climáticos extremos estão alterando o cenário epidemiológico brasileiro. “Chuvas intensas seguidas por altas temperaturas criam condições ideais para a proliferação de vetores, como o Aedes aegypti , transmissor de dengue, zika e chikungunya”, explicou. O mosquito se reproduz em pequenas quantidades de água limpa e parada, e seus ovos podem resistir ao ressecamento entre as estações chuvosas. “Os desastres naturais causados pelas mudanças climáticas aumentam a oferta de criadouros devido ao acúmulo de entulhos e reservatórios de água estagnada”, completou.
Além das doenças transmitidas pelo Aedes aegypti , outras enfermidades causadas por vetores como mosquitos e carrapatos, incluindo febre amarela, malária, leishmaniose, filariose e febre maculosa, também vêm expandindo sua área de ocorrência. “Nos últimos anos, a expansão geográfica dessas doenças tem sido evidente, com registros de casos em áreas onde antes eram raros ou inexistentes”, observou Moara. A infectologista reforçou a importância de medidas preventivas. “A prevenção das doenças transmitidas pelo Aedes aegypti exige atenção especial a reservatórios de água parada, eliminação de entulhos e resíduos e uso de produtos saneantes para higienizar áreas alagadas”, orientou Moara.
O infectologista Hilton Alves Filho, chefe da Unidade de Vigilância em Saúde do Hospital Escola da Universidade Federal de Pelotas (HE-UFPel), também destacou a importância de medidas preventivas durante períodos de chuvas intensas e inundações. “Nessa situação, há o risco de contaminação da água e a necessidade de proteção contra doenças infecciosas, como leptospirose, hepatite A e gastroenterites. As ações preventivas podem ser implementadas em diferentes níveis: pessoal, domiciliar e comunitário”, disse.
Ele ressaltou que garantir o acesso à água potável e adotar práticas adequadas de higiene e saneamento são importantes para prevenir doenças. Fervura, filtração e o uso de hipoclorito de sódio ajudam a garantir a qualidade da água, enquanto a lavagem das mãos com água e sabão previne a transmissão de infecções. Campanhas educativas também são necessárias para conscientizar a população sobre o cuidado com a água e os reservatórios.
No caso de doenças específicas, é importante evitar o contato com águas contaminadas para prevenir a leptospirose, enquanto a vacinação infantil é a principal forma de proteção contra a hepatite A. As gastroenterites podem ser evitadas com a higienização correta dos alimentos e seu adequado cozimento. “Eventos climáticos extremos impactam a saúde pública. A educação e a preparação da comunidade podem mitigar esses efeitos”, afirmou Hilton.
“Estima-se que, até 2030, as mudanças climáticas poderão causar cerca de 250 mil mortes adicionais por ano, principalmente devido a doenças respiratórias”, alertou o pneumologista do Hospital de Doenças Tropicais da Universidade Federal do Tocantins (HDT-UFT), Emanuell Felipe Silva Lima.
O especialista detalhou que a queima de combustíveis fósseis como carvão, petróleo e gás, libera gases poluentes, como dióxido de carbono (CO₂), monóxido de carbono (CO) e óxidos de nitrogênio (NOx), que contribuem para a formação de smog (mistura densa de poluentes visíveis) e ozônio troposférico (poluente que se forma na camada mais baixa da atmosfera). Esses poluentes podem irritar as vias respiratórias, agravando condições como asma, bronquite crônica e doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC), além de aumentar a vulnerabilidade a infecções como pneumonias e tuberculose.
O aumento da temperatura global também está relacionado à piora dessas condições. “O calor extremo pode levar a uma maior demanda por oxigênio, o que é desafiador para pessoas com doenças respiratórias pré-existentes”, explicou o pneumologista. Além disso, o calor intensifica a concentração de poluentes atmosféricos, como o ozônio, que irrita as vias respiratórias.
As mudanças nos padrões de chuva também têm seu impacto. O aumento da umidade favorece a proliferação de mofo e bactérias, agravando doenças respiratórias crônicas como fibrose pulmonar e DPOC. “É fundamental adotar medidas para reduzir as emissões de gases poluentes e promover a saúde respiratória”, orientou Emanuell. Entre as recomendações para mitigar esses efeitos estão:
(Governo Federal)