Por Correio de Carajás
Publicado em 31 de março de 2022 às 09:58H
As travessas e ruas da Marabá Pioneira, mais especificamente do Bairro Santa Rosa, voltaram a ficar inundadas. O vai e vem de pessoas andando com a água batendo pelo meio das pernas é uma das cenas mais comuns no local.
Sem falar nas crianças que aproveitam a água na porta de casa para brincar à vontade. Contudo, há aquelas que ficam sentadas, só olhando o movimento das águas, vendo a tarde passar.
Por falar em tempo, ele parece passar mais devagar no bairro. Sentar na calçada de casa – seja com o rio cheio ou não – é algo precioso para quem mora na Marabá Pioneira. É só dar uma volta pelas ruas que a cena pode ser vista.
E é assim, sentados na calçada de casa, que os moradores estão vendo pela quarta vez o Rio Tocantins subir e alagar as ruas e vielas do bairro. No início da noite desta quarta-feira, 30, o rio atingiu a marca de 11,70 metros acima do normal.
Fazendo um comparativo da última segunda-feira, 28, quando atingiu 10,99 metros, o Rio Tocantins subiu mais de 70 centímetros em dois dias.
Com a experiência de algumas (várias) enchentes, Joelina Teixeira, 57 anos, mora na Travessa Mestre Olivi, no Bairro Santa Rosa, e relata que esse ano foi surpreendente.
“Estou arrumando minhas coisas pra sair de casa pela quarta vez só esse ano. Já fui lá pra Z-30, já fui pro Jardim União, depois minha vizinha me emprestou uma quitinete pra eu morar, aí como começou a secar voltei pra casa, só que agora, pelo jeito, vou ter que sair de novo”, lamenta Joelina.
Com cinco pessoas na residência, ela afirma que não é fácil ‘fazer a mudança’ e deixar a casa pra trás, debaixo d´água. Com perdas materiais, como armários e guarda roupas, Joelina conta que a situação de ver a casa cheia de água é muito ruim.
“É a natureza. Está tudo no controle de Deus. Espero que não encha mais que isso. Mas, a gente não dorme tranquila. Dá medo dormir e acordar com a água dentro de casa. É desesperador”, conta a moradora.
E AÍ, DEFESA CIVIL?
De acordo com a Defesa Civil de Marabá, muitas famílias retornaram para as áreas de risco sem a autorização do órgão e agora estão tendo de voltar aos abrigos.
Marcos Andrade, assessor da Defesa Civil, diz que somente quando o nível do rio atingir a marca de 8 metros é que o órgão vai emitir uma nota sobre o retorno seguro para as casas.
“E essas pessoas que voltaram não foram com autorização da Defesa Civil, pois nossa orientação era a permanência nos abrigos ou onde elas estavam, que era nas casas de amigos ou alugadas. De 1.050 famílias, após o recadastramento, contabilizamos agora 780 nos abrigos”, informou Marcos Andrade.
De acordo com a Defesa Civil, o atendimento às famílias continua em todos os abrigos, com entrega de kits de higiene, cestas básicas e a troca de botijões de gás para as famílias que estão desalojadas em casas de amigos ou familiares.
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